28 de set. de 2012

Verdade

Quanto mais tempo andamos na escuridão, mais difícil se torna aceitar a luz.

24 de set. de 2012

Gosto

"You’ll never get in trouble if you say “I love you” at least once a day."

R. Reagan

19 de set. de 2012

...

Aquele rapaz achava que já tinha aprendido tudo o que havia para aprender. Chegou a uma altura na sua vida em que achava que pouco ou nada havia a acrescentar à sua imensa sabedoria. Tomava isso como um facto adquirido. Era claro como água, ao contrário do que se poderia esperar ele nem adoptava uma postura de pessoa convencida, nem se armava em superior. Não tão pouco se vangloriava do que ele achava que sabia, para ele era um dado adquirido. Sabia de tudo e de quase todos e achava ele que isso lhe bastava e que teria de viver com essa sabedoria até ao fim dos seus dias. Achava que não se conseguiria surpreender com coisas novas, porque muitas delas já as tinha vivido, as pessoas para ele não representavam nada de novo nem de diferente, eram apenas pessoas que apareciam e desapareciam ao longo dos tempos. Tudo era aborrecido, nada do que lhe aparecia pela frente era visto como um desafio, tudo era enfadonho, amorfo, nada que o fizesse despertar daquele espírito de eu já sei tudo e pouco haverá para saber. Os dias passavam, iguais, sempre iguais. Fizesse chuva ou sol, com ou sem vento, os dias para ele eram sempre uma constante, uma repetição de uma nota musical sem fim. Sempre o mesmo som, o mesmo ressoar, sem nunca haver uma alteração no timbre. Para ele o tempo não existia, se o tempo nos trás conhecimento, então o tempo para ele não passava de um acessório dispensável, sem uso prático que lhe pudesse trazer algo de novo à vida dele. No alto da sua infindável sabedoria e inocência também, obviamente, o rapaz que sabia tudo, não sabia que mais cedo ou mais tarde as coisas mudam, porque é assim que funciona esta coisa estranha que nos rodeia e/ou suporta, é uma condição obrigatória que nos afeta a todos e todos sabemos disso menos o rapaz.

12 de set. de 2012

Esticar a corda

Seja no trabalho, em casa, com amigos, namorados, com objetos, com sentimentos...sempre ou quase sempre só damos valor às coisas, pessoas, trabalho, dinheiro, saúde, roupa, amigos quando já não os temos.

Uma pessoa por exemplo tem um trabalho que pode não ser o melhor, mas enfim é o que tem. Vai daí arranja outro trabalho melhor, mais bem pago, com melhores horários e comunica a decisão à atual entidade patronal que vai mudar de poiso.

Das duas uma, ou a entidade patronal caga e manda vir outra pessoa, ou finalmente dá ouvidos ao futuro ex empregado e já são possíveis os aumentos que até aí não o eram, os melhores horários, tudo o resto. Com amigos e namorados normalmente acontece algo parecido, passam-se horas, dias, semanas, meses, anos  a bater na mesma tecla, a avisar, a alertar, a dar dicas, a tentar abrir os olhos à outra pessoa, mas tudo isso cai sempre quase sempre em saco roto.

Até que se chega àquele dia inevitável em que uma pessoa desiste outra. Então claro a que perde é agora um poço sem fundo de promessas, que agora vai mudar, que agora é que vai ser, porque não pode viver sem a outra é agora é que percebeu isso, agora é que vai demonstrar tudo como deve de ser. Se a outra pessoa já não estiver nem aí é que é o caralho...o problema disto tudo é que somos bichozinho de merda, temos esta mania espremer até máximo montes de situações e ou problemas.

Quando não há razão nenhuma para isso, deixamos andar quase até a corda partir,  quando parte não estamos minimamente preparados para isso e depois parecemos uns bebés perdidos e abandonados num qualquer centro comercial durante domingo compras com os pais. Filhos, pais, namorados, amigos, patrões que esticam a corda...só que quando a corda parte é para sempre...

Assim seja

O problema de nos tornarmos demasiado racionais em relação às coisas/pessoas que nos rodeiam é que mais cedo ou mais tarde os sentimentos acabam por esmorecer, o mundo que anteriormente era coberto de uma paleta infindável de cores, é agora composto apenas por cinzentos e preto. Os sons que antigamente fascinavam, o barulho do mar, dos pássaros, da chuva, a música, são agora ruídos que incomodam. Que rasgam o tímpano, como se rasga uma folha de papel. Se ao nos tornarmos mais racionais, conseguimos ver certas e determinadas coisas com mais clareza e com mais objetividade e dessa forma conseguimos opinar de uma forma mais clara, é também verdade que perdemos algo que é tão ou mais importante que a razão. Viver preso à racionalidade, não nos permite ser espontâneos, admirar as coisas/pessoas tal e qual como elas são. Mas pelos vistos é preciso ser racional, para não dizer coisas da boca para fora, para não ofender quem não merece ser ofendido.

Sejamos mais racionais então...é só vantagens.

7 de set. de 2012

Razia

há uns dias atrás estive numa festa de anos, ou melhor estive num jantar de anos. Correu lindamente, apesar de alguns problemas menores com a comida, bebida, manteiga...nada de especial, ou a sangria não era nada de especial, a carne de porco mal passada, pacotes de manteiga já abertos...pormenores diria. O importante é a companhia e que a malta se divirta. Sim é óbvio que quando se paga uma refeição seja onde for, exigimos sempre que as coisas estejam todas elas a roçar a perfeição, mas não foi nada de grave e ainda deu para brincar com os acontecimentos.

Naquela mesa estavam 6 pessoas, compostos por 2 casais e mais dois rapazes sendo que um deles era o aniversariante. Desses casais duas pessoas eram o que se pode chamar de attachments, ou seja não têm uma relação directa de amizade para como aniversariante, podem vir ou não a ter (não interessa) mas só lá estavam porque as suas cara metade essas sim, eram/são amigas da pessoa que fazia anos.

Portanto, da pessoa que fazia anos, amigos que se pudessem realmente chamar de amigos estavam lá 3 pessoas (lembro-me de mais uma que poderia estar lá, não fosse essa pessoa estar no estrangeiro). Resumindo, naquela mesa estavam 3 pessoas a que o aniversariante poderia/poderá chamar de verdadeiros amigos. A pessoa em causa, fez 41?, 42? anos, não me lembro ao certo.

Lembro-me, que quando tinha uns 20 anos no máximo, estive num jantar de anos em que eram no total 33 pessoas, seguindo o mesmo raciocínio se calhar dessas 33 apenas metade é que seriam na realidade amigas do aniversariante. Hoje em dia dessa metade de pessoas, não há ninguém a quem ele continue a chamar de amigo, com o tempo passaram a ser ex-amigos. Não porque houve algum problema, ou zanga, não, nada disso. Simplesmente com o passar dos anos, as diferentes pessoas seguiram cada uma delas um rumo diferente e para o bem ou para o mal o contacto perdeu-se, o que as unia deixou de fazer sentido passado algum tempo.

Se calhar é verdade, o que dizem que com o passar dos anos mais e mais pessoas vão desaparecendo das nossas vidas, os amigos, os conhecidos, os verdadeiros amigos, os irmãos que não são de sangue, os irmãos de sangue, a família, os colegas...aos poucos e poucos a maior parte dessa gente sai da nossa vida, e deles ficam só as memórias, boas, más, recentes, antigas, só isso.

No final, ou quando chegamos a uma certa altura na nossa vida provavelmente não vamos convidar 20 pessoas para um jantar, ou para uma festa...vamos ter sim o núcleo duro, aqueles que não nos abandonaram, os que sempre fizeram questão de estar ao nosso lado mesmo quando não fomos tão amigos quanto poderíamos e deveríamos de ter sido, essas são as nossas pessoas, vão estar aqueles que conseguem ver para além das nossas falhas.

Naquela noite, naquele jantar essas pessoas estavam lá.

1 de set. de 2012

Não é preciso fugir do passado, basta saber viver com ele.

Negar o nosso passado, seja apenas parte dele, seja na sua totalidade, chega-se à conclusão que estamos a negar uma parte de nós, como fosse um monte de roupa velha que deixamos a um canto para ficar ali esquecido. Concordo quando dizem que devemos viver o agora, que não vale a pena remoer no passado, nem sofrer por antecipação no que ao futuro diz respeito. Mas por muito que as pessoas queiram o passado irá sempre existir e fazer de nós o que somos hoje. Sem esse passado, não seríamos tão fortes, ou independentes, ou prevenidos, etc. Ele está lá, é parte do nosso sangue, como um filho é de uma mãe, esconder ou evitar isso é negar-nos a nós próprios.