31 de jan. de 2013

Lembro-me

de quando era puto, tínhamos um jogo lá no bairro que se chamava: Jogar à parede.

Era um jogo simples, precisávamos apenas de uma bola,  dois ou mais putos para estarmos ali entretidos durante horas a mandar a bola à parede. Era fácil.

Só podíamos tocar uma vez na bola, tínhamos que chutá-la para um local previamente definido numa zona da parede, tínhamos que chutar a bola no sítio onde ela fosse parar, só podíamos usar a cabeça e os pés, só podíamos dar um toque.

Quem desse mais de um toque na bola era eliminado, quem jogasse a bola sem ser com os pés ou cabeça era eliminado, quem ao chutar a bola não acertasse naquela zona da parede era eliminado.

No final sobravam dois (o que era uma espécie de final), o primeiro a falhar era eliminado e estava encontrado o vencedor. De tão simples e rápido que era, passávamos horas, tardes inteiras a jogar àquilo.

Sempre a tentar antecipar o local onde a bola ia calhar após ser chutada contra a parede, tentávamos não nos atrapalhar uns aos outros, às vezes (os mais técnicos) conseguiam escolher o ponto exacto da parede em que a bola ao fazer ricochete ia quase sempre para os sítios mais inacessíveis dificultando em muito a vida ao puto a seguir.

Não tínhamos mais nada, não pc´s, nem tlm´s. Só precisávamos daquilo, de uma bola, uma parede e de companhia para jogar.

E a única certeza que tínhamos era a de que a bola era sempre, mas sempre devolvida pela parede.

30 de jan. de 2013

Verdade

Há pessoas que preferem o trabalho às relações.

Há pessoas que preferem as relações ao trabalho.

Conversas parvas que fazem rir e muito

- Nice
- Veneza
- Porquê?
- É mais bonito.
- Já foste a Veneza?
- Não
- E a Nice?
- Também não, mas vi fotos.
- De Nice?
- Veneza

25 de jan. de 2013

Quem vier atrás que feche a porta

Ao longo da vida vamos somando experiências, no trabalho, na amizade, nos amores. Acumula-se tudo. Há coisas que conseguimos largar, outras que nos vão acompanhar para sempre, outras que fazemos questão de ir relembrando...porque somos assim, conscientes de tudo o que nos rodeia, de tudo o que nos construiu ao longo dos anos.

Com base no que vamos vivendo, vamos tomando decisões que pensamos ser melhores, que nos vão deixar mais preparados para o que há-de vir. Somos animais de hábitos, mas também conseguimos alterá-los e se isso se reflectir numa experiência melhor para nós (muito subjectivo claro) então lá vamos nós tomando cada vez mais decisões baseadas no passado, do que propriamente relacionadas com a situação que se nos apresenta. Ou melhor, tomamos uma decisão no presente baseado em algo passado. E isso aplica-se a muita coisa, nas relações por exemplo.

Se das primeiras vezes era tudo muito bonito e nos entregávamos de corpo e alma a uma relação, vamos percebendo que não pode ser sempre assim, porque estamos fartos de bater com a cara no chão, porque as feridas vão-se amontoando e muitas delas não param de sangrar. Temos de ser o nosso próprio médico, e vamos criando receitas que achamos que nos vão permitir sarar de feridas passadas e das que estão para vir. Não nos podemos permitir a que sejam criadas mais feridas, mais expectativas goradas, mais desapontamentos, mais dor. Queremos tornar-nos imunes, não queremos mais sofrimento.

Somos mais metódicos, mais racionais, mais distantes, sabemos que poderá ou não aparecer alguém nas nossas vidas, mas já jurámos a nós próprios que o próximo que vier vai ter de gostar do que há. Porque para sofrer já basta o que sofremos, que já não temos idade para certas coisas, criamos uma barreira de egoísmo que em primeiro, segundo, terceiro, quarto lugar aparece inevitavelmente sempre o "EU".

Venha quem vier, da maneira que vier, vamos estar prontos para marcar a nossa posição, para fazer ver à pessoa que já estamos fartos de sofrer, que queremos realmente o Amor, mas esse Amor tem de ser feito À nossa maneira, à nossa vontade. Não há espaço para discussões, não temos tempo para isso, as feridas não nos permitem. Num momento de fraqueza, deixamos isto tudo para trás e deixamos que a pessoa entre no nosso mundo como outros entraram, sentimos que há algo de maravilhoso, algo tão difícil de resistir, tão bom, tão puro que esse momento de fraqueza quase se torna num estado permanente, em que começamos a duvidar de todas as decisões tidas anteriormente, se calhar e só desta vez vale a pena baixar todas as muralhas, recolher as defesas, levantar a bandeira branca e aceitar com todo o coração aquilo que a outra pessoa nos tem para oferecer. Porque só assim vale a pena, porque só assim faz sentido.

Mas não pode ser, não queremos. Não nos vamos deixar enganar outra vez. Não pode ser!

Venha quem vier (repetimos a nós próprios), para nos relembrar das lições anteriores, dos medos, dos suores frios, das noites com saudade, dos desejos calcados. Não interessa se esta pessoa que temos agora é a melhor que temos. Porque das outras vezes em que não tínhamos muralhas, nem defesas, nem nada, das outras vezes em que nos deixámos levar, em que levantámos os pés do chão, em que éramos levados em conjunto com a outra pessoa saímos sempre mal. Então não interessa nada do que acontece agora, não interessa a pessoa, as vontades, os sonhos, os desejos. Porque se das outras vezes correu mal, porque há-de correr melhor desta?

Fica se quiseres, vai-te se quiseres é o que dizemos. Porque o que éramos, o que fomos, isso não vais ter nunca. O que tens agora é isto.
Podemos até dizer que não, que agora somos melhores pessoas, que estamos mais preparados, que isso por si só é o suficiente para que não sejam cometidos erros passados. Podemos dizer que se escolhemos esta pessoa é porque ela é de facto especial e atribuímos isso ao nosso novo apurado sentido de escolha porque agora só escolhemos o melhor, porque se a outra pessoa não fosse a melhor então não teria sido escolhida para estar ali ao nosso lado. Então se escolhemos essa pessoa, se queremos ficar com ela, se é a melhor, então porque julgamos e limitamos a relação com essa pessoa baseando-a em casos de insucesso anteriores? 

Porque é tudo treta. Porque temos medo de voltar a sentir como sentíamos. Porque o egoísmo vai ganhar sempre. Porque não queremos passar pelo mesmo. Porque agora as coisas são feitas da nossa forma.

É fodido quando somos o(a) último(a).

24 de jan. de 2013

Ouvi

agora que a média de anos de vida de um fumador são menos dez anos. Vou passar para dois maços por dia.

Conselhos simples

"deixa passar a tempestade..."

18 de jan. de 2013

De uma série

que não posso dizer o nome, porque homem que é homem não vê este tipo de séries...

"We may only be together five minutes every two months,but hey,when we do, We will savor every second.Because we both know How valuable those five minutes are.
Do you love me?

More than I can hold in my heart.

You're sure about that?

I am completely sure of that.

Do you want to spend the rest of your life with me, even if it is only in... 5-minute increments every two months?

I do.
"

Greys Anatomy - shiuuuu

Mau para a dieta, bom para a moral


14 de jan. de 2013

"Estou aqui"

Dizer que se está lá, mas depois não se está é mau para quem está à espera de quem vai estar mas depois não está. Dizer da boca para fora "estou aqui", magoa quando se percebe que o estar aqui não passou de um docinho como quando o cão faz um truque porreiro e depois lhe estendemos a goluseima que ele tanto anseia.

Dizer "estou aqui" envolve muito mais que uma presença física. Não basta saber que a pessoa está ali ao lado, porque se assim fosse qualquer, manequim serviria para o efeito. Quem diz manequim, pode dizer um calhau, um peluche, um vibrador, qualquer material inerte seria suficiente para estar lá.

Para se dizer "estou aqui", quem o diz tem de querer mesmo estar lá, de corpo obviamente mas também de espírito. Focar os seus sentimentos para com a pessoa que está ali ao seu lado, concentrar-se nela, fazer com que ela sinta que é mesmo ali que se quer estar. Porque caso contrário estamos a enganar quem está ali connosco, porque fazemos apenas figura de corpo presente e de facto preferíamos estar noutro local.

De que serve alguém dizer que está ali quando na sua cabeça apenas se imaginam cenários nos quais não se encontram e apenas se focam noutros assuntos e ou pessoas, em vez do que realmente está a acontecer naquele momento?

É errado dizer "estou aqui" quando essa pessoa sabe que não vai estar, que não esteve lá e que possivelmente nunca vai estar, porque não se permite a tal. E basicamente tudo se resume a algo muito simples, ou se quer, ou não se quer.

Esta

é se será sempre das minhas bandas preferidas. Lembro-me quando era mais puto, cinco, seis, sete anos, mais ou menos na altura em que os meus pais se separaram, que ficava sozinho em casa aos fins de semana quando ia para casa do meu pai.

Ele ia trabalhar, e lá ficava eu entretido com um mundo inteiro de cassetes vhs, chocolates, televisão, música, mais milhentas coisas para me entreter durante aquelas horas em que estava sozinho. Os filmes via-os vezes e vezes seguidas, já tinha alguns preferidos que era quase obrigatório revê-los fim de semana após fim de semana.

Foram anos e anos assim, só eu. Lembro-me do dia em que por curiosidade e claro aborrecimento, dei por mim a cuscar todas as gavetas do móvel da sala, uma atrás da outra lá andava eu à procura de algo que não sabia bem o que era (mais ou menos como ando hoje em dia), incansável lá continuava eu na minha demanda. Cabos, rádios, cassetes, cd´s, mais cassetes...gavetas cheias de lixo que o meu pai teimava em guardar porque "podia fazer falta".

Lembro-me de olhar para a capa de um CD, lembro-me da capa e nome me chamarem a atenção. Coloquei o CD na aparelhagem e descobri finalmente o que não sabia que andava à procura, música atrás de música, ritmos, batidas, guitarras, vozes e mais tarde (já percebia algumas coisas, mas não era nenhum génio do inglês) as letras.

Foi um dos poucos amores à primeira vista que tive na minha vida. Dizem que não existe amor à primeira vista, que é impossível sentirmos de imediato algo que nos leve a crer que desejamos algo para o resto da vida. Eu já tive o meu primeiro amor à primeira vista.

São estes Senhores...


Demasiado simples

Se há blog que consegue falar das várias formas de amor, é o que segue abaixo. Este é daqueles textos que vou guardar sempre.

...da deterioração do Amor

Tenho um amigo que é obcecado por números. Quando digo que ele é obcecado por números, digo-o sem qualquer tipo de reserva. Tudo aquilo que ele sente, vê, ouve ou diz tem que estar relacionado com uma lógica numérica qualquer. Por exemplo, sempre que anda de autocarro anota num caderninho a matrícula do mesmo e o número do lugar em que se senta. De vez em quando faz as contas e passa a saber exactamente quantas vezes andou em cada veículo e em que lugar. Diz ele que o faz para ter uma noção mais real do que está a ser esta sua passagem pela vida.
Por princípio, poderia ser considerado um amigo nerd e insuportável, mas não é. É alguém que eu adoro visitar de vez em quando para ter daquelas conversas, sempre regadas com algum uísque, que se estendem pela noite dentro. Também gosto de o receber, e se me conseguir esquecer que ele sabe exactamente quantos degraus precisa de subir para chegar a minha casa, conseguimos ter conversas normais.
Noutro dia fui eu visitá-lo, e depois dele me dizer quantas vezes em média eu limpo os sapatos no tapete da entrada, sentámo-nos e ele serviu-me o primeiro de seis copos de uísque Bushmills (segundo ele, é essa a média de uísques que bebemos por cada noite destas). A partir daí, ficámos na conversa até às cinco da manhã e, suponho eu, ultrapassámos em muito a média do álcool ingerido. Todas as nossas conversas são, pelo menos a meu ver, interessantes precisamente por isso. Eu falo das coisas numa perspectiva sempre mais solta, ele sempre preso à sua lógica sequencial ou estatística.
A ele, durante estes mais de dez anos em que nos tornámos amigos, só lhe conheci uma namorada. Ele gostava tanto dela que passou a comprar cadernos de capa dura para registar tudo o que considerava importante, penso eu que para que esses registos durassem mais. Um dia a namorada nunca mais apareceu e ele nunca me explicou porquê. Abanava os ombros cada vez que eu lhe perguntava e rapidamente mudava de assunto.
Dei o primeiro gole e ele perguntou-me porque é que eu estava triste. Abanei os ombros e disse-lhe que a minha namorada me tinha dito que precisava de algum tempo para pensar na nossa relação e que, acabada de chegar de férias, nem sequer ainda me tinha vindo ver. Disse-lhe que o mais horrível de tudo era esta urgência que eu tinha de estar com ela e que ela, nitidamente, não tinha de estar comigo. Olhei-o de frente e ele sorriu, como se me percebesse e finalmente, com esse olhar, me estivesse a explicar o que lhe tinha acontecido a ele.
Vi-o levantar-se e voltar com um desse caderninhos de capa dura dos tempos em que tinha namorada. Na capa, com uma esferográfica azul, tinha escrito "...da deterioração do Amor". Abriu-o com muita calma e explicou-me que entre o princípio e o fim da sua relação, o número de beijos que a namorada lhe dava por sua iniciativa desceu de vinte e dois por dia para apenas três, o número de vezes que ela lhe dava a mão na rua desceu de cem por cento para apenas dois por cento. Olhou-me nos olhos para tentar perceber a minha reacção, mas eu ouvia-o impávido e sereno, sem esboçar fosse o que fosse. Por fim, disse ele, o número de vezes que tinham sexo desceu de seis vezes por semana para uma vez de duas em duas semanas.
Bebi tudo o que restava no meu copo de uísque e eu próprio me servi de outro, sem o servir a ele porque ainda tinha o copo cheio. Perguntei-lhe se tinha sido ele a acabar com ele ou se tinha sido ela, só para ver se ele, finalmente, abria um pouco o véu que cobria o fim da sua relação. Abanou os ombros e respondeu-me que, desde então, abana os ombros cerca de três vezes por dia, ou seja, sempre que alguém lhe fala de Amor.
 

11 de jan. de 2013

Verdade

I am over thinking, to try not to overthink

10 de jan. de 2013